sábado, 23 de agosto de 2008

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

All my blisters now revealed...



§

Lust

As pontas dos teus dedos
passeiam-se na palma da minha mão
desenhas letras, arabescos,
observas com calma a ânsia no meu olhar
disfarço, faço de conta que não é nada
respiro a música, fecho os olhos,
penso na maré revolta que me invade.

O arrepio de sentir o teu toque
a vertigem dos teus lábios a abocanharem os meus
o desejo urgente do calor da tua pele
quando se esmaga contra a minha,
a mão que me agarra o cabelo na nuca
e ajeita até à posição querida
num bailar de corpos violento
doce
abandono-me
somos à vez submissos e controladores
desta dança dos sentidos
entras em mim
mordo-te
vingas-te ao fazer-me esperar
e eu disparo num frenezim de movimento
em direcção ao infinito
para teu prazer
minha volúpia...

Frase batida: como se não houvesse amanhã.
Volto a respirar a música,
todos os poros em mim inspiram
abro os olhos
estou só, para além do tempo,
para além do sonho.

§

Boomp3.com

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O sonho

Estou a descompensar. Uma destas noites sonhei que regressava folha em branco e cheio de vontade de a escrever de alto a baixo, com anotações nas margens e tudo.

Tenho andado aluado, pensamento sem norte, autómato a cumprir apenas o básico. Desdobro-me fazendo o possível para que não falte nada aos que me rodeiam, assim não sou tão notado. A vontade de me desligar por vezes é tão forte.

Escondo tanto dentro de mim que me baralho e acabo por me ir esquecendo do que quero esconder. O tempo passa e eu vou-me perdendo no que calo e no que escondo. O tempo passa e já me habituei a viver assim. O sonho deixou-me em pânico...

E se um dia destes eu tiver que começar mesmo a viver e a encher a tal folha?

§

Boomp3.com

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Japão Década de 1860

"Yogure wa
Kumo no hatate ni
Mono zo omou
Amatsu sora naru
Hito wo kou to te

Na hora do pôr do Sol
As nuvens estão enfileiradas como estandartes
E penso nas coisas:
É isso que significa amar
Alguém que vive para lá do meu mundo."

Poema de Sachi para o xógum Iemochi. In "A Última Concubina" de Lesley Downer, Dom Quixote 2008.

Fantástico livro que ando a ler! Recomendo.
§

Pensamento da noite

"Falta-me tempo
Preciso de mais tempo...
ou de organizar melhor o meu tempo!"

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sábado, 2 de agosto de 2008

Memórias

Pois, parece que já estamos em Agosto... assim em modo de homenagem às férias de anos passados, e como não arranjei vídeo de jeito, deixo apenas a música. aqui

Enjoy ;)


LIBERDADE

De olhos fechados, deixo que a lembrança me leve até a uma estrada secundária perdida no coração do Alentejo. Viajo sozinha. O dia está quente, o sol a pique, as janelas do carro vão as duas abertas e o vento queima e sacode-me os cabelos enquanto guio, talvez mais depressa do que deva mas não tem perigo, não se vê vivalma a esta hora, já há muito que não me cruzo com outros carros.

Tenho a linha do horizonte pela frente, a perder de vista, acelero em direcção ao azul como se a qualquer momento o carro fosse levantar voo, garanto que se isso acontecesse eu não ficaria assustada, antes pelo contrário, far-me-ia sorrir um grande sorriso aberto e continuar em frente pelo puro prazer de conduzir.

O volume do rádio vai no que eu chamo de máximo aceitável, que é o mesmo que dizer muito alto, mesmo naquele ponto antes do som começar a sair distorcido. Eu canto a plenos pulmões, uma canção atrás da outra enquanto a cassete vai rodando. Era uma daquelas que tinha lá por casa e raramente ouvia, nem sei porque é que veio. Destoa no meio da colecção escolhida cuidadosamente para estes próximos dias. Quando me calo fica o sorriso estampado de orelha a orelha, até começar a cantar novamente.

Os campos estão secos, amarelos côr de terra. Ao longe vejo uma ave de rapina, única criatura viva para além de mim, nos últimos kilómetros. Bichinho corajoso, penso, também deve andar à procura de alguma coisa, para voar com este calor. Talvez se encontre e voe apenas pelo prazer como eu. Cheira a campo, o cheiro a pó da terra quente. Cheira a liberdade.

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