domingo, 13 de julho de 2008

Pensamento do final de noite

Chego a casa em estado de graça após ter assistido a "Saga - Ópera Extravagante", uma produção do Teatro O Bando juntos com a Banda da Armada.

Na base desta peça/ópera estão dois textos de Sophia de Mello Breyner Andressen: 'Silêncio' e 'Saga', belíssimas palavras, daquelas que tocam fundo e fazem sentir e sonhar e chorar por dentro e celebrar a vida e a beleza.

Aliada à beleza dos textos e da música estava também a magia do espaço que escolheram para a pôr em cena: o pátio interior do Mosteiro dos Jerónimos, pertença do MNA e do Museu de Marinha, normalmente aberto ao público apenas uma vez por ano. (apesar de ter o privilégio de passar por lá muitas vezes, para cuidar do 'Craque' e do 'Lord' - os cães do MNA - poder estar à noite a assistir a um espectáculo destes dá uma perspectiva completamente diferente do espaço!)

Parabéns ao Bando pela excelência da produção e especialmente à minha querida amiga Ana Brandão que é sempre um prazer voltar a ver em palco.
Hoje são vocês que me fazem dormir feliz :)

§

7 comentários:

Nuno 'Azelpds' Almeida disse...

Parece ter sido muito bom, e realmente num espaço como esse o impacto deve ter sido diferente.

Sofia disse...

:)

Foi bestial. Há muitos anos já que acompanho o trabalho d'O Bando e se há coisa que eles não são é serem convencionais, quer no que trazem a cena quer nos locais escolhidos para as representações; já os vi trabalhar com e sem tecto, em cima e fora de palcos, numa pocilga, empoleirados em estruturas estranhíssimas... enfim!

Mas sempre com uma qualidade e excelência muito pouco reconhecidas em Portugal, o que é triste!

Curiosidade apenas: estamos a falar de filhos do Cacém tb! O João Brites é da mesma criação da minha mummy, o pai dele era o meu pediatra - o médico mais doce que possas imaginar e tinha um consultório cheio de brinquedos, o que na década de 70 era raro! e o filho mais velho é da minha idade, fomos da mesma turma vários anos; o primeiro workshop de teatro que fiz fui levada pelo Nicolas.

Enfim... sobre a ópera, não sei se Bizarra Locomotiva te diz algo, ontem um dos personagens foi encarnado pelo Rui Sidónio. Absolutamente brilhante, ao princípio ainda tive pena que não fosse o Fernando Ribeiro pq ambos representavam aquela personagem em noites diferentes... pena já ter sido hj a última noite. Foi um espectáculo que não me importava nada de poder rever.
§

Nuno 'Azelpds' Almeida disse...

Oh Bizarra claro que me diz algo heheh...;)

Quando o tal bar que fechou no cacém (dub) se chamava Cunhas bar, parava lá muita malta ligada ao teatro, e até organizavam aquele desfile todos os anos por altura do Carnaval (não me recordo do nome agora).

Sempre gostei de teatro, mas a ligação que tive mais próxima da área foi quando a psicologa da escola me pediu para dar uma ajuda a traduzir uns textos para portugues do gabriel garcia lorca (se a memória não me falha), de uma peça que andavam a trabalhar. Há quem diga que deveria ter explorado mais esta e outras áreas... Quem sabe noutra vida, já que nesta começo a ter as minhas dúvidas. :p

Sendo muitos do Cacém, na volta até os conheço, nem que seja de vista. Muito engraçadas essas histórias que contas, o mundo por vezes parece realmente pequeno. :)

Sofia disse...

:)

O Mundo tem muitos mundos pequeninos dentro dele, em constante movimento, que se cruzam repetidas vezes no nosso tempo de vida deixando a ilusão de ser pequeno ao reconhecermos pares.

Para além disso ainda há os de "nós" que saltitamos entre mundos, daí eu falar frequentemente de várias vidas, cada uma delas passada num mundo diferente :)

hehehe, olha a minha múltipla-personalidade a vir ao de cima!

O tempo limitado e a comodidade do que já se conhece, e se gosta, e não se quer perder, é que estragam tudo, mas eu gosto de pensar que ainda se vai a tempo... em cada decisão tomada outras ficam para trás, não é forçoso que o que temos pela frente não seja melhor que o que fica... mas isso é já outro assunto!

Presunções à parte, não é o Mundo que é pequeno. Nós é que temos a capacidade de sermos grandes... uns usam-na, outros nem por isso ;)

§

Nuno 'Azelpds' Almeida disse...

Já ponderei que tenho várias vidas e personalidades dentro de mim, e sinceramente acho que somos todo(as) assim. :)

Sim, em certos aspectos vamos sempre a tempo para fazer algo, e no que toca à cena do teatro, ou cenas relacionadas com expressão corporal, há algo em mim que julgo ser notório que gosto e que me atrai muito, mas ya...

Bela última frase essa, e comment em geral. :)

Sofia disse...

Ah, pois eu acho que te enganas. Muitas pessoas têm um percurso de vida linear e sempre que outros horizontes se apresentam fogem deles como o diabo da cruz. Mais uma vez é a tal quantidade de gente que "só gosta do que já conhece", ou pior, do que os amigos conhecem!

Esse teu "mas, ya..." humm, cheira-me a conformismo... eu sei, eu já sei que o tempo não chega para tudo, há que seleccionar... mas não perder o sonho de vista ou deixar fugir do alcance! ;)

Thx pelos cumps sobre a frase e comment... agora que releio fico toda vaidosa, por vezes até tenho umas ideias interessantes...hehe... estava inspirada nessa noite! :)
§

Nuno 'Azelpds' Almeida disse...

Heheh. Basicamente acredito que todos temos vários eus dentro de nós, mas ya, na maior parte das vezes ficamo-nos por mostrar apenas aquele que achamos mais ideal. Mas sim, também existe essa questão de muitas vezes fugirmos da "mudança" a sete pés, apesar de muitas vezes queixarmo-nos que ela não vem, ou que a queremos bla bla, mas na hora...;)

O "mas ya..." acaba por ser um misto de conformismo com realismo. Os sonhos por aqui não morrem, mas já me disperso tanto por várias áreas, que chegas à conclusão que ou te focas aos poucos nalgumas, e de preferência nunca ao mesmo tempo para ver se levas as coisas a algum porto que seja, ou então fica tudo muito a meio. Mas quem sabe, um dia...:)

:)