sábado, 19 de julho de 2008

Vazio

É quando tu dormes
que eu deixo que a imaginação se solte
e quebro as barreiras que encontro
e as amarras que me prendem a ti.

Os dias são teus
ofereço-tos para o prazer e regozijo de ambos
mas as noites, ah as noites,
só a mim pertencem...

Respiro o silêncio
saboreio o fresco de ser só eu
lembro com calma e muitos sorrisos
o antes de ti.

O desassossego morde-me e eu retribuo
sabe a cerejas
estou só há tempo de mais

Vem nadar comigo
mergulha de cabeça e corpo inteiro
façamos amor ao som do canto das sereias.

Com movimentos languidos e ondulantes
segue-me para as águas escuras e profundas
acompanha-me... até ao vazio.

§

7 comentários:

liliana_lourenço disse...

Não resisti e vim espreitar o teu texto já, agora, imediatamente!!! :p

Valeu a pena!
Está tão bonito!

Consigo identificar 2 momentos distintos no teu poema/desabafo.

É um bocado como a dia e a noite que nele descreves. Parecem nada ter a ver um com o outro, mas inevitavelmente misturam-se e nunca se separam.

Gostei. :)

E sim, os teus sapatinhos vermelhos são liiiiiiiiiiindos!!!!!

:D :D :D ;)

Amanhã volto! Amanhã?? Estou doente! Mais logo! :p

**

Nuno 'Azelpds' Almeida disse...

Muito bonito. Sinto por um lado o desejo da teres a pessoa contigo, mas por outro o final deixa no ar algo mais negro, mas a forma como tudo está descrito é que sobressai, a maneira como as palavras se encadeiam. :)

PS: Espero que tenha corrido tudo bem hoje depois da alucinação de ontem. ;)

Sofia disse...

Alô :)

Lily:
Fico muito feliz por teres gostado, afinal a pedra de toque foi o teu traço!

Acerca dos dois momentos que falas, sim, é a tua leitura. Para mim o desafio foi mesmo o de juntar os três sujeitos do teu desenho: um narra, outro é o observado e o outro é o que está no pensamento. Foi um desafio interessante que ao reler acho que foi bem conseguido.
Thx again pela inspiração ;)

Os meus sapatinhos vermelhos já estão tão velhinhos e usados mas têm tantas histórias para contar que apesar de já ter outros ainda não consigo de os deixar de calçar... já estiveram para ir para a reciclagem por duas vezes! Acho que acabarão os dias num baú, talvez um dia haja uma bisneta que os encontre... ;) §

Azel:
Correu tudo mais ou menos bem, nada que um sono reparador não tivesse curado, faltou-me foi a coragem para acordar mais cedo do que o habitual e apanhar o tal comboio... oh, well! Mas valeu, foi um sábado muito fixe, não sei se tinha chegado a comentar que antes do Mexe passei pelo Purex, foi uma verdadeira noite de revisitações... com muitos fantasmas a fazerem-me cócegas ;)

Agradeço o elogio :)
Para mim este final não é forçosamente negro, apesar de perceber a tua leitura. Luz e escuridão todos temos em nós, este 'vazio' que menciono é mais um 'acompanha-me até à ausência de tudo, porque aí nesse vazio/éter eu já não estarei só'.

Vazios aparte, continuo encantada é com a parte das cerejas e hoje mais uma vez foi onde os olhos cairam, saiu-me bem essa, surpreendeu-me!

Thx, uma vez mais pelas palavras bonitas que encorajam e também pela boleia ;)

§

Nuno 'Azelpds' Almeida disse...

Ok, ainda bem que correu tudo fixe. E nope, não me lembro de teres falado do Purex. Isso é que foi um sábado e noite de loucura. :p E no problem em relação à boleia, soube-me bem, ser eu a fazer isso invés de ser ao contrário como acontecia sempre com as pessoas a darem-me boleias ou estadias. :)

Voltando ao texto, vi a cena como negro, porque o final não me deixou essa mensagem que a pessoa deixará de estar só, mas mais um juntarem-se ambas no vazio, num caminho peculiar. ;)

E sabe tão bem surpreendermo-nos a nós próprios neh? :p

Sofia disse...

:)

Pronto, está bem, eu cedo mais um bocadinho na explicação da coisa:

acaba por ser uma negação do conceito de 'vazio' caso o sujeito aceitasse o convite. Se o 'vazio' é ausência, ao ter companhia deixa de o ser!

Claro que é, como bem disseste, um "caminho peculiar" mas para alguns não será a vida um emaranhado de caminhos peculiares?
Tipo uma busca (incessante) para que algo faça sentido após as escolhas menos certas já feitas?
Um tentar evoluir para a simplicidade depois de se ter complicado tudo...

A continuar assim, não tarda nada ainda me nasce outra história, hehe ;)

§

Nuno 'Azelpds' Almeida disse...

Yep, no fundo todos os caminhos acabam por ser peculiares e no geral terminam nessa tal simplicidade. :)

Sofia disse...

Pois assim seria uma história com um final feliz :)

§